terça-feira, 23 de junho de 2009

A DITADURA DE ONTEM E DE HOJE ! ! !

2 comentários:

Antonio Carlos disse...

Obama cita Lula como exemplo na América Latina
O presidente americano, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira, durante entrevista coletiva na Casa Branca, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um exemplo para outros países da América Latina.
Questionado sobre a relação dos Estados Unidos com a região, Obama citou Lula e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, como líderes da América Latina que mantêm um bom relacionamento com o governo americano.
"Eu penso que o Chile lidera pelo exemplo", disse o presidente americano, que se encontraria com Bachelet em Washington nesta terça-feira. "Estou usando o Chile como um exemplo, mas o mesmo é verdade para o Brasil."
"O presidente Lula tem uma orientação política muito diferente da maioria dos americanos", acrescentou Obama. "Ele surgiu do movimento sindical e era visto como um forte esquerdista."
"Acontece que ele se mostrou uma pessoa muito prática, que, apesar de manter relações por todo o espectro político da América Latina, realizou todos os tipos de reformas de mercado inteligentes que fizeram o Brasil prosperar", afirmou o presidente americano.
Ao elogiar Lula e Bachelet, Obama disse que os dois presidentes apontam o caminho que países "onde a tradição democrática não é tão enraizada" deveriam seguir.
"Nós podemos tornar uma causa comum mostrar para esses países que democracia, respeito pelos direitos de propriedade, respeito por economias de mercado e respeito às leis podem levar a uma maior prosperidade", completou o presidente americano.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090623_bush_lula_dt.shtml

COmunista do PCdoB disse...

ELIO GASPARI

O major Curió não é "uma pessoa comum"

O ex-agente do SNI é um retrato do Brasil do final do século 20, feio, brutal e dissimulado

O REPÓRTER Leonencio Nossa trouxe o major Curió de volta ao palco. Aos 74 anos, com os cabelos pintados de vermelho, ele vive seu último ato no interior da Amazônia. Agarrado a uma velha mala, conta mais uma vez sua história da Guerrilha do Araguaia. Nesse conflito se chocaram comandantes militares ineptos, seduzidos pelo banditismo, e uma liderança do Partido Comunista do Brasil que jogou cerca de 70 jovens numa "guerra popular" iniciada em 1972 com a fuga do chefe político (João Amazonas) e terminada dois anos depois, com a fuga do chefe militar (Angelo Arroyo).
Numa região de lendas superlativas, Curió se tornou um dos brasileiros que marcam a história da segunda metade do século 20. Numa desgraça dessas que descem do além, o tempo que viu JK viu Curió também. Sem se conhecer o Brasil das luzes de Juscelino não se entende o que veio a ser o país. Conhecendo-se o país das sombras de Curió, aprende-se porque muitas coisas ainda são como são.
Seu nome é Sebastião Rodrigues de Moura, cadete da Academia Militar das Agulhas Negras, oficial do Centro de Informações do Exército, agente do SNI, senhor de baraço e cutelo do maior garimpo a céu aberto do mundo, em Serra Pelada; deputado federal e prefeito (pelo PMDB), da cidade brotada de um casario de bordéis, hoje denominada Curionópolis. Em suma, um daqueles sujeitos que, não sendo "uma pessoa comum", patrocinam desditas com a bolsa e o aparato da Viúva.
Curió participou do massacre dos militantes do PC do B que se renderam ou foram capturados pelas tropas do Exército a partir de outubro de 1973. Felizmente apresentou informações e documentos que ajudam a comprovar uma política de extermínio que só teve paralelo em Canudos ou na Guerra do Contestado. Ele poderá ajudar a reconstituir o cenário de delinquência no qual oficiais do Exército matavam pessoas que se haviam rendido, com quem haviam se familiarizado e, possivelmente, de quem recebiam até mesmo serviços domésticos. Ao contrário dos demais oficiais que participaram da matança, Curió foi muito mais que isso, sempre movendo-se nas beiradas da fronteira da expansão social e geográfica do Brasil. Aí está o aspecto instrutivo de sua figura.
A serviço da ditadura, comandou ações repressivas e negociadoras em regiões de conflitos fundiários. Esteve no Rio Grande do Sul quando amanhecia o MST, mas foi na região do Bico do Papagaio que se tornou uma espécie de vice-rei. Até aí, teria sido mais um coronelzinho de castanhais. Em 1977, quando caçava guerrilhas inexistentes em busca das diárias do CIE, acharam ouro por perto, em Serra Pelada.
Curió coroou-se imperador das crateras e, em nome do governo federal, organizou o trabalho de 30 mil garimpeiros. (É possível que de Serra Pelada tenham saído cerca de 30 toneladas de ouro e uma parte foi mandada por via expressa para o Banco Morgan, na tentativa de segurar um governo quebrado.) Quando Brasília tentou impedir o garimpo manual, o major que perseguira guerrilheiros instrumentalizou a maior revolta popular ocorrida na Amazônia. Prevaleceu e elegeu-se deputado federal.
O Curió das degolas de prisioneiros é o mesmo líder de garimpeiros miseráveis que se elegeu deputado federal e prefeito. Não é "uma pessoa comum", parece pertencer ao passado, mas nunca abandona por completo o presente.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2406200914.htm