segunda-feira, 4 de novembro de 2013

OS DEBATES NO BALCÃO ! ! !

Antonio Geraldo de Campos Coelho, sociólogo e figura inesquecível de Jundiaí. A conversa com o Coelho era geralmente no bar Ponto Chic, que ficava ali na praça Governador Pedro de Toledo, do outro lado do balcão. Entre copos, garrafas, salgadinhos e um inigualável pernil assado, passava horas a discutir e colocar os argumentos com os quais pretendia combater o marxismo. Ao lembrarmos daquela época e olharmos para a política de hoje, o desgosto é inevitável. Nesta linha saudosista, encontramos na internet uma crônica sobre o Coelho datada de 2008 e que merece ser lida pois nos leva a um passado singelo e longínquo onde as idéias políticas ainda eram importantes.

* O Coelho e o fim das coisas *

A revista Reader's Digest traz até hoje uma seção chamada Meu Tipo Inesquecível. O título é auto-explicativo: as pessoas lembram de outras que as marcaram pelo resto da vida.

Não sei se todos tiveram o privilégio de encontrar um tipo inesquecível. Afortunado, posso dizer que lá pelos anos 70, na então pacata Jundiaí, topei com uma dessas pessoas que não se esquecem facilmente, pela simples razão de que são, de alguma maneira, diferentes das outras.

Quem conheceu o sociólogo Antonio Geraldo de Campos Coelho certamente sabe que ele era uma desses tipos. Maluco, diziam alguns; apenas excêntrico, diziam outros. Certo é que ninguém que conversasse com ele, por poucos minutos que fosse, sairia indiferente da prosa.

O Coelho tinha uma erudição total para temas que o fascinavam, como a sociologia política, e era absolutamente analfabeto para outros, mais triviais, como o futebol - ou o ludopédio, como se referia ao esporte preferido dos brasileiros.

Era cheio de manias. Não admitia, por exemplo, que o chamassem de professor - embora, em certa época da vida tivesse dado aulas. Para ele, o "epíteto" soava degradante, pois o igualava ao instrutor de capoeira, que, para o senso comum, também era professor.

Também apelidava amigos e inimigos. Entre nós havia o Chocolate, o Estilingue, o Peixe-Galo, o Menino Lobo, o Homem de Palha. Não sei porque, fiquei fora da lista.

Mas o que distinguia mesmo o Coelho dos outros mortais era o fato de que ele se dedicava, com uma paixão cega, a combater o marxismo. E, como em várias outras coisas, fazia isso de um modo peculiar: procurava vencer o inimigo por meio de argumentos, numa época em que as armas usadas em tal batalha eram outras, mais dolorosas e letais.

O Coelho escrevia, sempre contra o marxismo, para os jornais da cidade. Seus artigos eram longos, tediosos e incompreensíveis para as pessoas comuns, ou seja, quase todos os leitores. Fenomenologia era a palavra mais simples que usava.

Na verdade, não eram bem artigos: eram esboços de teses, dissertações abastecidas de notas de rodapés e citações de filósofos e pensadores de antanho, com argumentos que julgava sólidos para demolir a notável arquitetura do pensamento marxista. Como ninguém o contestava, é impossível saber se ele estava ou não com a razão.

O tempo passou, o muro de Berlim caiu, o socialismo real da União Soviética se desmanchou, e o Coelho e seu antimarxismo radical passaram apenas a fazer parte de minhas lembranças quase esquecidas dessa época de sonhos.

As poucas notícias que tive desse tempo era que ele havia abandonado seus artigos político-sociológicos e passado a falar sobre o amor platônico. Achei a opção natural. Ele apenas trocava o alvo de suas preocupações. Se não havia mais o perigo de o comunismo triunfar, que o amor fosse então vitorioso.

Há poucos anos, fiquei sabendo que o Coelho havia morrido. Antes disso, porém, talvez vendo que já estava perto da viagem final, combinou com os poderes constituídos trocar a sua biblioteca por um túmulo no cemitério que mais apreciava, por ter sido feito num morro e ser bastante amplo.

E lá ele descansa. E estaria ainda num lado de minha memória não fossem essas últimas notícias, vindas de todas as partes, dando conta de que também o capitalismo - ou pelo menos seu lado mais radical - não deu certo e a nação mais poderosa do mundo, ícone supremo da livre iniciativa, elegeu seu primeiro presidente negro para consertar a lambança feita pelo antecessor branco, de extrema-direita, cristão fundamentalista, um verdadeiro horror.

Gostaria que o Coelho estivesse por aqui para me explicar algumas coisas que eu não consigo entender muito bem.

12 comentários:

Anônimo disse...

TAYAR,

FALANDO DE NOSSO EXTINTO E QUERIDO AMIGO GERALDO (O FILÓSOFO), PRECISA-
MOS FICAR ATENTOS COM A SUA SEPULTU-
RA. CASO O FUMAS A CONSIDERE ABANDO-
NADA, CORREMOS O RISCO DE QUE O GE-
RALDO SEJA REMOVIDO PARA O OSSÁRIO
COMUM.
VAMOS LOCALIZAR A SEPULTURA E VERI-
FICAR O SEU ESTADO PARA QUE A MESMA
NÃO SEJA "NEGOCIADA".

O GERALDO PRECISA SER REVERENCIADO
E ESSA "GENTE" NEM SABE QUE ÊLE E-
XISTIU !!!

AMIGOS DA PRAÇA

Anônimo disse...

Senhor Cesar Tayar, conheci o Coelho tudo que voce disse é pura verdade Voce se esqueceu de contar do Bauru que o Lula fazia que na nossa mocidade iamos comer apos os bailes e brincadeiras do Gremio CP acredito que o pessoal do Clube tambemfrequentava o Bar do Lulla.
Pergunto será que naquele tempo ha-
via tanta politicagem como hoje?
os antigos prefeitos que me lembre,
não ficaram milionarios como alguns de hoje.

Anônimo disse...

Ai que chuvinha boa,mas poderia ser melhor se nao estivesse goterando no teatro polytheama, o pior e ver a agua descendo pelas paredes proxima a escada dentro do teatro, que descaso, entra administracao e sai "administradores "e nada muda .

Anônimo disse...


César, um dos mais ardentes, fervorosos lulistas de primeira hora, entrou hoje na, lista dos fichas-sujas e não pode concorrer no ano que vem.
Trata-se do Sr. Paulo Maluf, amigão do LULA e um dos responsáveis pela vitória do Haddad em São Paulo.
Uma pena.... O PT vai ficar combalido. Estou ansioso para ler o que sobre o assunto virá do sabonete.

FernandoZingra disse...

TUDO FARINHA DO MESMO SACO!!!
A MAIOR MOSTRA DISSO É O GOVERNO DE JUNDIAÍ, QUE FEZ ALIANÇAS COM INTEGRANTES DESSE PARTIDO!!!

PT = PSDB

O PT, principal partido da base do governo, e o PSDB, maior partido da oposição à presidente Dilma Rousseff, devem caminhar juntos, em 2014, na eleição estadual do Mato Grosso do Sul. A notícia vem do jornal Valor Econômico, que informa, ainda, que a a articulação da aliança está sendo operada pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), provável candidato petista para disputar o governo do Estado no próximo ano, e pelo deputado federal Reinaldo Azambuja, do PSDB, que aspira à vaga de senador .

A movimentação ajuda a colocar por terra a alegação, largamente usada nas campanhas eleitorais , de que há diferenças de fundo entre as duas legendas. PT e PSDB quase em nada divergem na condução da política econômica – de corte neoliberal – com direito a privatizações a granel e venda de riquezas nacionais para empresas estrangeiras. Os dois partidos têm a mesma postura quanto ao apoio total aos interesses dos grandes grupos econômicos privados e à retirada de direitos dos trabalhadores, entre muitas outras identidades.

http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=6791:pt--psdb&catid=113:a-semana-no-olhar-comunista

Anônimo disse...

ESSE JORGE HADDAD DEVE TER UM CADERNINHO DE NOMES E VALORES....NINGUÉM SE ATREVE A MEXER COM ELE... FAÇA SOL OU FAÇA CHUVA ELE CONTINUA NO MESMO LUGAR, CARGO E MANDA PRÁ K_..LHO.

Anônimo disse...

Com tanta grana na parada que os partidos são meras siglas para legitimar as candidaturas dos falsários. Para dividir o bolo grande, aliam-se DIABO com SATANAS, e assim caminha a humanidade...
Não vou mais me enganar e falar em ideologias, pois os canhões se alinham quando os interesses são os mesmos, ROUBAR O POVO...E CONFUNDIR COM SOLUÇÕES DE PROBLEMAS OS QUAIS DEVERIAM TER PREVENIDO..Noam Chomsky define muito bem a cabeça de politicos...acho que estudou os nossos

Anônimo disse...

O SÁBIO PROFESSOR EVERTON BAIANO FICOU DO FORA DO GOVERNO DO PEDRO, SERÁ PORQUE PENSA MUITO E NÃO IA SER ENTENDIDO? NÃO COMPACTUARIA COM TANTAS FALCATRUAS? FOI ESQUECIDO NA LISTA POR ESTRATÉGIA DO OGRO DE SUSPENSÓRIO E DO GORDO GULOSO, POR SER UMA LIDERANÇA FORTE E PODERIA VIR A AMEAÇA-LOS? OU PORQUE APOIOU O VEREADOR PAULO MALERBA QUE TEVE UMA VOTAÇÃO QUASE IGUAL A DO SARTORI?
PROFESSOR ESTAMOS COM SAUDADE DAS SUAS ALFINETADAS. TÁ RECEBENDO PRA FICAR CALADO? ACHO QUE NÃO É A TUA CARA...

Anônimo disse...

Coitado do velho "polytheama"sem descanco, sem manutencao.Com a chuva que caiu ontem foi uma aguaceira so pior que ninguem seca eles dizem"secar pra que a chuva nao parou"porque o dinheiro arrecadado pela bilheteria nao e usado para sua manutencao,fica uma pergunta como estara este teatro quando acabar essa administracao.? Cade o pessoal do compac tao atuante na cidade tombando pontes chamines,sera que depois que" tombam"esquecem de fiscalizar e deixam os patrimonios tombados "cair".

Anônimo disse...

A situação do Polytheama dá pena.

Anônimo disse...

Geraldo Coelho,

Pensador jundiaiense que se preocupava com a prática da ética, acima de tudo.

Ainda teríamos nos dias de hoje cidadãos com essa preocupação ?

O Geraldo, hoje, estaria fora de moda e, diante da triste realidade
da política local, estaria fadado
a sofrer um fulminante infarto em
plena praça pública.

Geraldo, bom amigo, reze por nós !

Sobreviventes do caos

Carlos Motta disse...

Prezado César,
apenas para informar seus leitores:
a crônica "O Coelho e o fim das coisas" é de minha autoria e foi publicada originalmente no meu blog, Crônicas do Motta.
No mais, fica a saudade das discussões sem fim com o Coelho.
Abraço,
Motta